sexta-feira, 13 de setembro de 2013

TÉDIO


Um estranho sentimento me atinge
carecendo de fim, início, e meio;
por não saber revelar esta esfinge
vou dizer que do vazio estou cheio.

Ardor ausente que não alivia
carregando a alma na ausência de cor.
Vá rouxinol pergunte a cotovia:
por que levou consigo todo humor?

 Ah!, estranho sentimento inefável
corre imóvel, tempo nu, indomável
– Qualquer coisa que se pensa é inútil!

Desesperado na impotência vejo
que nesta hora o que eu apenas desejo
é perfurar este tédio inconsútil.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CANAVIAL EM PERNAMBUCO

A caminho do mar
outro surgiu do chão:
ondas quebravam em foices
de gente escondida
sob densa roupagem
medindo forças com o sol.
– Então quem há de ser mais austero?
Senão como há de sobreviver?

Chegando o mar, altos e imponentes coqueirais
surgiram, centenas deles!, faziam o vento dançar.
Ao assistir o espetáculo, quase esqueci-me de
Pernambuco, dos sertões.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

PALMEIRAS IMPERIAIS DO MUSEU DA REPÚBLICA

Chuvisco em vento, ar
água tecem o tempo
tremulam a paisagem.

Observadoras, palmeiras imperiais
do jardim do Museu balouçam
calmas, se embolando no úmido véu,
voal d’água, que avolumam seus cabelos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AMENDOEIRA DA AULA DE FILOSOFIA

Do segundo andar a porta aberta convida a entrar a alta amendoeira –
está ventando muito – e suas folhas, grandes borboletas verdes
coalhadas sobre galhos entrevistos.

Grandes borboletas verdes, juntas, voam presas,
rodopiam a frondosa amendoeira. 
– Venta muito... – Nenhuma borboleta desprende a cair ou alçar às nuvens.

Na aula de filosofia o chão desapareceu junto às paredes,
à porta e ao quadro negro;
as vozes cessaram: tudo era amendoeira.