Fulgurante luz teu cabelo louro
e olhos: espelho d’água cristalino,
bela face resplandece como ouro,
visada perigosa de felino.
Afrodite à luz do plenilúnio
maldiz a aurora que te alumia o rosto,
vira aos céus, ralha espumas de desgosto,
desgraçando a Zeus por todo o infortúnio.
Esculpida em preciso e fino talho,
cândida, reluzente como orvalho
tu és flor que desabrocha altivez:
a beleza, ó fardo que te abusa!
Defeito só os olhares de medusa:
petrifica quem te visa uma vez.