O vociferar sereno de um Nume
desprovido, apenas, de agonia,
faz convergir nas palavras o lume,
repentinamente surge a harmonia.
Num sincero dialogar de deidades
principia sem pressa a inspiração
sem data certa,
momento, idades,
o silêncio do ar carrega a criação.
Do balbuciar dos anjos, a permuta;
da carpintaria do verbo, a escuta;
do redemoinho ou furacão é o olho.
Inapreensível mistério divino
que é ceifa de Deus-homem-menino:
substância da poesia é o restolho.