quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DO MISTÉRIO DA POÉTICA

O vociferar sereno de um Nume
desprovido, apenas, de agonia,
faz convergir nas palavras o lume,
repentinamente surge a harmonia.

Num sincero dialogar de deidades
principia sem pressa a inspiração
sem data certa, momento, idades,
o silêncio do ar carrega a criação.

Do balbuciar dos anjos, a permuta;
da carpintaria do verbo, a escuta;
do redemoinho ou furacão é o olho.

Inapreensível mistério divino
que é ceifa de Deus-homem-menino:
substância da poesia é o restolho.

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