A criança não está morta
A criança ergue os punhos contra sua mãe
Que grita "Afrika!", grita o hálito
Da liberdade e da estepe
Nas mediações do coração cerceado
A criança ergue os punhos contra seu pai
Na macha das gerações
Que gritam "Afrika!", gritam o hálito
Da retidão e sangue
Nas ruas de seu orgulho sitiado
A criança não está morta, não em Langa, nem em Nyanga
Nem Orlando ou Sharpeville
Nem no departamento de polícia em Philippi
Onde ela resta com uma bala atravessada na cabeça
A criança é a tenebrosa sombra dos soldados
Em guarda com rifles sarracenos e cassetetes
A criança está presente em todas as assembléias e decretos
A criança perscruta através das janelas das casas e dentro dos corações das mães
A criança, que apenas quis brincar sob o sol de Nyanga, está em todo lugar
A criança, transformada em homem, percorre toda África
A criança, transformada em gigante, viaja através do vasto mundo
Sem passaporte
INGRID JONKER (tradução: Cid Rodrigo Leite)
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